Na tarde do dia 19 de fevereiro, 31 alunos das turmas 1 e 3 do 11.ºano (área de Ciências e Tecnologias) da Escola Secundária D. Pedro V , acompanhados pelas docentes Isabel Ramos e Maria Judite Nascimento, realizaram uma visita de estudo, no âmbito da disciplina de Física e Química A, à Fábrica ADP-Fertilizantes, setor de Alverca. A viagem foi realizada de autocarro.
Pretendeu-se, entre outros, dar a conhecer aos alunos, que, nesta altura do ano, estudam o domínio “Equilíbrio Químico”, uma das principais instalações industriais para o fabrico e comercialização de fertilizantes; permitir-lhes visualizar o fabrico de produtos químicos em grandes quantidades; reconhecer as rigorosas normas de segurança e preocupações ambientais que regem estes locais e identificar funções específicas dentro da empresa.
Após uma receção calorosa por parte dos engenheiros químicos responsáveis pela condução da visita, ocorreu um encontro para uma breve caracterização desta empresa, feita pelos mesmos. Trata-se de uma indústria pesada com uma longa história, iniciada com o grupo José de Mello em 1965. Apesar de ter mudado várias vezes de nome, tem-se pautado sempre por um alto nível de qualidade e desempenho. Está atualmente inserida no grupo Fertiberia, que possui 14 fábricas na Península Ibérica. Em Portugal possui três complexos industriais situados em Alverca, Lavradio e Setúbal. A produção é muito elevada: São produzidas, por ano, 219 mil toneladas de ácido nítrico, 175 mil toneladas de nitrato de amónio e 80 mil toneladas de nitrato de cálcio (este último, também usado nas cimenteiras, é atualmente obtido numa nova fábrica, que se destaca no conjunto mais antigo de construções). Neste setor de Alverca não se produzem adubos com potássio e fósforo, elementos também necessários ao desenvolvimento das plantas, embora isso ocorra em Setúbal.
Os alunos foram sensibilizados para questões no âmbito da Química verde. Por exemplo, o amoníaco usado, fabricado em Espanha, é verde, pois o hidrogénio necessário à sua produção provém da eletrólise da água e não dos combustíveis fósseis. Por outro lado, em diversas etapas dos processos existe realimentação, produção de energia elétrica, tratamento adequado das águas residuais, que são separadas por tipo de contaminante, e aproveitamento das águas de arrefecimento. Foi ainda referido um adubo especial, que liberta lentamente o nitrogénio essencial às plantas, minimizando a lixiviação dos solos.
A segurança é uma prioridade da ADP Fertilizantes, a começar pela dos próprios visitantes. Após se ter explicado o protocolo de segurança da fábrica, os participantes equiparam-se com capacetes, bata, óculos e botas de segurança e só depois se deu início à visita guiada. Embora não tivessem números de calçado abaixo do 38, nem por isso algumas alunas hesitaram em usar o número acima, achando o facto divertido.
Divididos em dois grupos, os alunos visitaram os diversos laboratórios onde é assegurada a elevada qualidade dos produtos (ácido nítrico e fertilizantes azotados, como o CAN- calcium ammonium nitrate, com base de nitrato de amónio a que se misturam pequenas quantidades de outros elementos, e o nitrato de cálcio). Por exemplo, a consistência e grau de humidade dos grãos de CAN são de suma importância. É utilizada tecnologia de ponta, a par de operações tradicionais, como titulações. Passaram por um reator, pelas salas de controlo (à distância) de diversos parâmetros, e terminaram nas unidades de armazenamento e embalamento.
Os pontos altos da visita foram, aparentemente, a observação do interior do reator e de uma sala de armazenamento.
No reator visitado decorre permanentemente a reação de formação de um óxido de nitrogénio a partir do amoníaco e do dioxigénio comprimido, uma etapa do processo de Ostwald para o fabrico do ácido nítrico. O curioso é que a reação se dá a 900°C, na presença de um catalisador de platina-ródio, que custa milhões de euros e tem de ser mudado com alguma frequência. Os alunos puderam observar a cor avermelhada no interior do reator através de uma pequena janela e sentir o enorme calor que fazia no recinto, apesar de todo o isolamento.
A maior parte do ácido nítrico produzido reage com calcário moído para produção de nitrato de cálcio, ou então é neutralizado com amónia, para produção de nitrato de amónio.
Já no silo de CAN alguns alunos avançaram para uma das enormes “montanhas”, como se fosse areia, com a consequência de terem ficado com as botas cheias de grão, que depois tiveram de retirar, no meio de risos.
Os alunos observaram depois as enormes esferas onde está armazenado o amoníaco, num equilíbrio líquido/gás, matéria-prima para o fabrico dos diversos produtos, e a central fotovoltaica, que fornece 15 % da energia elétrica necessária ao funcionamento da fábrica (3691 MWh/ano).
O comportamento exemplar dos participantes, seguindo sempre em grupo, caminhando apenas sobre as passadeiras, respeitando todos os símbolos de segurança espalhados pelo recinto e colocando questões muito pertinentes, foi elogiado pelos responsáveis. Assistiram atentamente às explicações técnicas de todos os processos.
Durante a visita foi possível identificar funções laborais, para além de engenheiro químico: assistente da sala de controlo, operador de painel, de campo, de tratamento de águas, de central de vapor, de central de bombagens e encarregado.
A visita terminou com o regresso à sala de acolhimento, a retirada do equipamento de proteção individual e a distribuição de garrafas de água fresca aos participantes, o que foi muito agradável, após a elevada temperatura que se fez sentir nas instalações. E, finalmente, chegou a altura da foto de grupo e das despedidas.
Todos os participantes se mostraram muito agradados com a visita, tendo as docentes agradecido a disponibilidade e simpatia da ADP- Fertilizantes em receber o grupo.
Esperamos que esta visita tenha tido impacto nas aprendizagens dos nossos alunos e que, quem sabe, lhes tenha aberto perspetivas a nível de carreiras profissionais futuras.
Ficam registos fotográficos de alguns momentos marcantes.