Breve Nota sobre o Evento De mão dada com a Geografia e a Cidadania

No passado dia 4 de maio, ocorreu, no Auditório Chaves Santos da Escola Secundária D. Pedro V, o evento“De mão dada com a Geografia e a Cidadania”. 

Esta atividade, enquadrada no âmbito de Geografia e de Cidadania e Desenvolvimento, contou com a presença de dois geógrafos – a Professora Doutora Raquel Soeiro de Brito – Professora Catedrática Emérita da Universidade Nova de Lisboa (UNL), e do Professor Doutor Carlos Pereira da Silva – Professor Associado da UNL. A atividade visava estimular o espírito crítico dos alunos e levá-los a refletir acerca da importância da educação geográfica e da responsabilidade individual e coletiva para o conhecimento em geral e para uma gestão mais sustentável do Oceano. O evento visava igualmente dar aos alunos a oportunidade de contactar com exemplos de liderança e resiliência na investigação científica, que poderiam inspirá-los a nunca desistirem dos seus sonhos; dar aos alunos a oportunidade de conhecer e dialogar com a maior geógrafa portuguesa, a Professora Raquel Soeiro de Brito; levar à reflexão e a atitudes ponderadas dos alunos para que estes possam ser a mudança que querem ver no mundo.

Práticas de investigação e testemunhos na primeira pessoa da obra e vida da geógrafa Raquel Soeiro de Brito (nascida em 1925), uma das primeiras mulheres doutoradas em Portugal e um dos nomes mais destacados e produtivos da Escola de Geografia de Lisboa, fundada pelo geógrafo Orlando Ribeiro. 

Raquel Soeiro de Brito referiu que desde muito cedo se ligou à Geografia, acompanhando, desde criança, a construção de mapas pelo seu pai e o seu padrinho, e em jovem se apaixonou pelos vulcões.Em 1957,foi a primeira cientista mulher a chegar ao Faial para estudar a erupção dos Capelinhos. Acompanhou a erupção do Vulcão dos Capelinhos, investigando, fotografando e filmando.

Raquel Soeiro de Brito, professora universitária e investigadora na área da Geografia Física e Humana, realizou investigação em todo o país e esteve em todos os antigos territórios ultramarinos e várias outras partes do mundo a realizar estudos.

Define-se “Acima de tudo como geógrafa de campo. Tenho muita honra nisso e muito gosto”, dizendo que “Um geógrafo não pode ser geógrafo sem saber olhar”.

“A máquina fotográfica foi sempre um auxiliar muito importante do trabalho de campo que realizei. A fotografia e o filme são complementos. Uma pessoa estuda, vê, fala, interpreta e, depois, tem o complemento (da fotografia), o mesmo fiz para o cinema. Tenho tudo filmado, tenho tudo com filmes. E, portanto, tanto o filme, como a fotografia são complementos de estudo.” 

O espólio fotográfico de Raquel Soeiro de Brito encontra-se na Fototeca do IGOT (Instituto de Geografia e de Ordenamento do Território).

Raquel Soeiro de Brito tem uma vasta obra no domínio da Geografia Física e Humana, nomeadamente:

  • Agricultores e Pescadores Portugueses na cidade do Rio de Janeiro: Estudo Comparativo (1960);
  •  Palheiros de Mira. Formação e Declínio de um Aglomerado de Pescadores (1960);
  •  Lisboa: Esboço Geográfico (1976);
  •  Um Olhar Sobre Macau (1991);
  •  Portugal, Perfil Geográfico (1994);
  •  Goa e as Praças do Norte (1996);
  •  No trilho dos Descobrimentos. Estudos Geográficos (1997);
  •  Goa e as Praças do Norte Revisitadas (1998);
  •  Nordeste Alentejano em Mudança (2000);
  •  São Miguel, a Ilha Verde, 1950-2000 (2004) e Atlas de Portugal (Coord. científica, 2005).

Os alunos foram fazendo perguntas e Raquel Soeiro de Brito, de pé, firme e sempre solícita, ia respondendo com o seu saber e a espontaneidade que lhe é natural. 

Com toda a sua experiência, ia reafirmado “a Geografia não é fácil e ser-se geógrafo é ainda mais difícil. Mas cada um deve seguir o seu sonho e nunca desistir. Os sacrifícios foram muitos, mas eu não estou nada arrependida, absolutamente nada, de ter seguido Geografia.”Após a exposição da Professora Raquel Soeiro de Brito, seguiu-se o Professor Carlos Pereira da Silva, que abordou o Oceano e a necessidade da sua correta gestão.

Os dados atuais apresentados e a mensagem deste geógrafo fizeram todos os presentes refletir sobre as problemáticas e potencialidades do Oceano, que é de todos nós. O mesmo referiu que:

A mensagem foi “o conhecimento do Oceano merece ser aprofundado para se fazer um uso correto dos seus recursos, corresponsabilizando cada um para práticas mais consentâneas com a sua sustentabilidade.”

Foi um momento de grande aprendizagem com estas duas presenças da área da Geografia que, liderando pelo exemplo, mostraram o quanto a educação e a formação são importantes, permitindo alargar horizontes e possibilidades de aprofundar os conhecimentos (o onde, o como e o porquê), enquanto mostravam como o empenho, a dedicação, o querer saber mais e a resiliência são tão importantes. 

Estiveram presentes as turmas 10º5, 10º6, 10º7, 10º9 e 11º6, acompanhadas pelas professoras Maria João Lobato, Eugénia Nunes, Shao Zhenglan e Sandra Neves, Nádia Raposo e Deolinda Rodrigues, respetivamente.

À Srª Professora Raquel Soeiro de Brito e ao Professor Carlos Pereira da Silva, o nosso obrigada em nome do Agrupamento de Escolas das Laranjeiras – Escola Secundária D. Pedro V, que muito honrada ficou com a vossa distinta presença.

A Coordenação de Cidadania e Desenvolvimento