Enquadrando-se no projeto “Voz ao mar” desenvolvido no âmbito de Cidadania e Desenvolvimento, nos dias 28 e 30 de janeiro Frederico Morais presenteou as escolas Professor Delfim Santos e D. Pedro V com a sua boa onda.
Na primeira parte, Frederico falou da sua entrada no surf, aos seis anos, e da sua decisão de se tornar um surfista internacional aos 14 anos, contando sempre com o apoio incondicional da família, que tinha uma tradição no rugby. Mencionou ainda os vários obstáculos e desafios com que se teve de debater para chegar a surfista internacional: “Muitas vezes deparei-me com derrotas e só algumas vezes com vitórias. A minha voz interior dizia-me sempre: Vai, não desistas… O meu pai dizia-me: Força, força, tu consegues! Ainda hoje, ouço essa voz no meu subconsciente.”
Salientou que aquilo que o mudou e lhe permitiu chegar às vitórias foram as derrotas, referindo que é muito importante nunca desistir nos momentos mais complicados e acreditar sempre que se é capaz. O passo seguinte é trabalhar ainda mais. “O meu pai, nos primeiros anos, era meu treinador, e eu tinha de ouvir o meu pai fazer as suas chamadas de atenção, o que me obrigava a sair da zona de conforto e hoje isso dá-me a força necessária para enfrentar os desafios. Quando se é mais novo não se percebe o quanto os nossos pais nos moldam. A nível pessoal ultrapasso os momentos mais ansiosos com acompanhamento psicológico. É preciso lidar com as situações de frente quer quando estamos em alta quer quando estamos numa fase mais desafiante. É preciso encontrar o balanço”.
Referiu que “é importante ter um objetivo e estar disposto a ser julgado pelo que se consegue e pelo que não se consegue. A saída do WCT (Women’s Chapionship Tour) foi uma grande tristeza e emocionalmente mexeu muito comigo. O momento mais alto foi quando voltei a entrar”. Referiu várias vezes que a “queda” nos torna mais fortes e que a questão é voltar a trabalhar sempre com foco.
Falou também das suas rotinas diárias quando não está em campeonato: “Não é fácil o dia a dia. É trabalho, esforço e dedicação. Tenho de sair às 05h30 da manhã para as praias à procura das ondas: Ericeira, Peniche, Costa da Caparica… No Haiti e na Austrália tenho de explorar/viajar e surfar de madrugada ou ao fim do dia, sozinho no meio dos tubarões e não é fácil ultrapassar os medos”.
Referiu como conseguiu terminar o 12º ano, apesar de estar longas temporadas fora de Portugal e realçou que estudar com regularidade oferece uma melhor preparação.
Na segunda parte da apresentação, o surfista falou dos problemas dos lixos, do aquecimento global e da sobrepesca e do que podemos fazer para alterar os nossos hábitos. Referiu ainda pequenos gestos que cada um de nós pode ter que fazem uma grande diferença na sustentabilidade ambiental, nomeadamente, nas deslocações, se forem várias pessoas para o mesmo destino, deve-se rentabilizar o uso das viaturas.
Nas praias que frequenta, o surfista tem a preocupação de sensibilizar as comunidades locais para a necessidade de se deixarem as praias limpas. Reforçou que a obrigação de cada um de nós é deixar os diferentes espaços higienizados e não sujos.
Na última parte respondeu às perguntas colocadas pelos alunos. No final da sessão deu autógrafos e tirou fotos com os alunos e professores.
Nas várias sessões, ninguém ficou indiferente à boa onda que é Frederico Morais, e os alunos e professores do Curso Profissional de Desporto da Escola Secundária D. pedro V mostraram-se agradecidos por terem tido uma referência do surf nacional na escola.
Foi gratificante ter a presença de um dos maiores surfistas portugueses nas escolas Professor Delfim Santos e D. Pedro V. Frederico Morais deu uma lição sobre perseverança e boas práticas ambientais aos nossos alunos, os quais estiveram sempre muito atentos e ficaram inspirados a não desistir do que se propõem.