“Fala-me de Revolução” – 50 anos após Abril de 1974

No passado dia 26 de abril, a Escola Secundária D. Pedro V, sede do nosso Agrupamento de Escolas das Laranjeiras, foi palco de um evento profundamente enriquecedor e educativo intitulado “Fala-me de Revolução”.
À entrada do Auditório expuseram-se trabalhos em cartazes criados pelos alunos das turmas 5 e 8, do 12.º ano, uma instalação criada pela turma 8, do 10.º ano, um Painel do Curso Profissional Actor/Actriz (turma 13, do11.º ano), trabalhos do Plano Nacional das Artes, integrados no Projeto “Fala-me de Revolução” e um painel com o QR Code com o link do mural dos trabalhos desenvolvidos pela turma do 12º 6 no âmbito do projeto “25 de abril sempre”.  No espaço interior do auditório, ficaram expostos os cartazes criativos dos alunos da mesma turma, no âmbito do referido projeto “25 de abril sempre”.
As palestras foram organizadas pelo Grupo de História da Escola e coincidiram com as celebrações do quinquagésimo aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, marcando não apenas uma data histórica, mas também destacando a importância desta revolução na sociedade portuguesa que pode construir a democracia e a liberdade.
A cerimónia teve a abertura do Professor Amílcar Santos, o director do Agrupamento, que destacou a importância de se refletir sobre a nossa História para melhor compreender e valorizar os princípios da democracia e da liberdade que hoje desfrutamos, e que estiveram em perigo nos meses após o dia 25 de Abril e até ao dia 25 de Novembro de 1975, dia em que foi consolidada a democracia pluralista e o Estado de Direito democrático e preservadas as liberdades constitucionais, realçando a responsabilidade dos alunos da Escola em continuarem Abril e os seus desígniosde justiça social, liberdade de expressão e desenvolvimento educacional e económico, enfatizando o seu papel futuro no empenhamento em resolver os graves problemas que ainda nos assolam 50 anos depois da revolução – a existência de dois milhões de pobres, as lacunas no acesso à saúde, a existência de sem abrigo, o aceso à habitação e, mais recentemente, o perigo das culturas de cancelamento que ferem a liberdade individual e coletiva.
O primeiro painel contou com a presença ilustre do Comandante Pedro Lauret, da Associação 25 de Abril, que discutiu “A guerra colonial e o 25 de abril”, numa aula sobre as motivações da conspiração dos capitães de abril. O Professor Doutor Miguel Corrêa Monteiro, testemunhou “A Guerra Colonial em Moçambique – 1972-1974”, evento que fez parte da sua trajetória biográfica como militar. Ambos proporcionaram um olhar aprofundado sobre as complexidades da guerra colonial e seu papel decisivo no desencadear da revolução.
Após um breve intervalo, o segundo painel foi marcado pelos testemunhos tocantes da Dr.ª Aurora Rodrigues e do Dr. José Lamego, que partilharam as suas experiências pessoais de opressão durante o Estado Novo. A Dr.ª Aurora Rodrigues, uma vítima da tortura da PIDE, e o Dr. José Lamego, também perseguido e preso, destacaram a brutalidade do regime derrubado pela Revolução dos Cravos.
O terceiro e último painel foi iniciado com música de uma aluna cabo-verdiana, dedicada ao “herói libertador” Amílcar Cabral, seguindo-se a apresentação de alguns trabalhos dos alunos da turma 6, do 12.º ano, integrados no tema da revolução. No final, Leonor Freitas, dessa turma, comoveu todos os presentes com a leitura de um poema original escrito pela sua avó, evocando a luta e as esperanças daquele período revolucionário numa poesia que aponta para o futuro.
O evento fortaleceu a consciência histórica dos alunos como também os inspirou a refletir sobre o legado da liberdade que hoje usufruem. A Professora Joana e os seus alunos do curso Técnico Auxiliar de Saúde, responsáveis pela criação de 50 cravos artesanais para a ocasião, adicionaram um toque simbólico e emocional ao ambiente oferecendo os seus cravos feitos de papel.
“Fala-me de Revolução” proporcionou uma celebração do 25 de Abril, graças ao esforço conjunto de professores, alunos e convidados.
A Escola Secundária D. Pedro V demonstrou de forma exemplar como o passado pode iluminar o presente e inspirar o futuro.